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14 de nov. de 2010

Meu.

Ele pegou um livro e tentou ler. É, tentou, mas quem disse que ele conseguia?

Não havia motivo, mas ele tremia, ele suava e não parava.

E, nesses momentos, não é muito fácil ler.

Desistiu do livro e resolveu ligar o computador, mas até o computador ligar ele já estava impaciente, nervoso, surtando...

Resolveu deixar o computador ligando enquanto comia alguma coisa.

Foi para a cozinha e descobriu que não tinha fome. Mas que merda, nem fome?

Voltou para a sala. Sentou, ligou a TV e não prestou atenção. É, se alguém visse, diria que é mais um caso de depressão. Não, não era.

Ele só não conseguia prestar atenção em nada, ele não conseguia parar.

Mas ele não era assim. Não, eu não estou defendendo-o só por que ele é MEU.

Sim, ele é meu.

Eu o criei, e isso faz de mim uma pessoa um pouco cruel... eu criei esta situação.

Por quê? Não sei. Quem sabe por uma falta.

Será que estou sofrendo? Quem sabe...

Será que criei um ser que nem tem nome apenas para transportar a minha dor? Pode ser.

Mas por que ele não tem nome, eu sinceramente não sei.

Então, ajude-me, qual nome? Marcos? Pablo?

Não, ainda não sei um nome. Mas quem disse que eu quero um nome pra ele?

Quem disse que eu não vou resolver apagá-lo?

Realmente me sinto um Deus aqui, posso fazer amar, odiar, matar...

- Ei, ainda estou aqui, dá pra decidir qual é o meu destino? E que historia é essa de que eu sou teu?

Ah, é meu sim. Eu montei a tua personalidade, e isso é fato, tu és só mais um dos meus.

Como um marionete, eu tenho as tuas cordas em minhas mãos.

- Como assim? Eu achei que tinha sentimentos...

Mas não tem, eu tenho. Os teus sentimentos são todos meus. As tuas vontades são todas minhas.

Eu tenho o teu futuro aqui, na minha mente. Posso apertar Backspace e será o teu fim.

- E o que tu ganha com isso? Não acha melhor deixar-me aqui, e mudar logo o rumo dessa história?

Tudo bem, se tu preferes fingir que a vida existe e que é bela, eu posso fazer isso.

Mas pare de se intrometer, nunca nenhum personagem meu ousou bater boca comigo.

- Está bem, eu juro que fico quieto.

Ele tomou um calmante e tudo voltou ao normal.

Satisfeito?

- Satisfeitíssimo.



7 de nov. de 2010

Eu. Eles. Ela. Elas.

- O que te faz querer voar?

- O anoitecer- ela respondeu.

Levantei minha mão e fui percorrendo seu corpo calmamente, sem nenhuma pressa, como se fosse a ultima coisa a fazer antes de morrer.

Com a ponta dos meus dedos, deslizei por seu pescoço, ela estremeceu e eu continuei.

Eu a amava, profundamente, e aquele momento parecia não existir.

Quando estamos longe um do outro, meu corpo dói, minha mente dói, e eu não sou nada.

Mas quando eu estou com ela, sentindo sua pele macia me tocar. Sentindo o frescor de seu hálito no meu pescoço, sentindo seu cheiro doce e sua voz serena, meu mundo muda.

Eu mudo totalmente, não sou mais aquele cara estressado que vive trabalhando em um escritório tumultuado, eu mudo, eu viro um cara calmo, paciente e que só pensa no presente e não no que tem pra fazer no futuro.

Quando estou com ela, eu me entrego de corpo e alma.

Sei que já somos como duas nuvens no céu, não se sabe onde começa uma e nem onde termina a outra.

Quando estou com ela, viro poeta, faço versos, prosas, rimas.

Quando estou com ela, sou todos homens do mundo em um só.

Viro filósofo, cantor, pintor, só não viro ator.

Com ela eu sou verdadeiro, sou surreal, sou o amor e não um homem.

E é isso que me faz largar tudo sempre, pra entrar em um quarto e viver por algumas horas como um homem livre.

Sim, eu sei, não é certo.

Mas só assim posso ser completo.

Quando sou aquele homem do escritório, preciso de uma família.

Mas quando sou todos, preciso de uma mulher que seja todas também, e só ela consegue isso.

Só ela consegue tirar da minha boca, palavras que eu nunca disse pra ninguém, ela consegue formar cores, tons, musicas... ela e todas as mulheres que ela é.



7 de out. de 2010

Brigas são sempre bem-vindas.


- Chega, eu não aguento mais ouvir a tua voz, eu não aguento mais enchergar essa tua cara. Sai daqui e me deixa em paz.

Bato a porta e ando pela rua sem rumo. Qual é o problema dessa mulher?

Todos sabem que uma carreira de escritor não nasce da noite pro dia, e quando nós nos casamos ela sabia que esse seria o meu futuro, pelo menos por um tempo.

O dia radiava, era um domingo de sol, totalmente o contrário do que se passava dentro de mim.

Tudo bem, em partes ela tinha razão, já faz um ano que eu sou sustentado por ela.

E agora já estava batendo um pequeno medo.

Será que daria certo? Ou será que tudo isso não passava de um sonho de infancia?

Não. Não, não, não. Não se deixe levar pelo que ela pensa.

O amor é uma merda mesmo.

Entro em um bar fulero e com uma luz horripilante. Peço uma da boa e acendo um cigarro.

Primeira pergunta: O que eu quero pra minha vida?

Sim, essa é facil.

Eu quero ser um escritor renomado, escrever muitos livros, e continuar com a vaca da minha esposa.

Pronto. A primeira já foi.

Segunda pergunta: O que fazer pra minha mulher me entender?

Então... essa eu não sei. Vamos para a próxima.

Terceira e ultima pergunta: Eu ainda a amo? Eu ainda amo a minha esposa?

É, eu ainda a amo. E amo muito. Ela foi a única pessoa que não me abandonou e nem virou a cara pra mim durante esses 12 meses.

Fiquei bebado. Que merda. Ainda dá para ir para casa sozinho.

Saio do bar às 11 horas, resolvo que ainda é cedo pra ir pra casa.

Resolvi dar uma caminhada na praia. Sentei na areia.

Chorei. Chorei como eu não tinha chorado há muito tempo. Não, na verdade eu nunca tinha chorado daquele jeito. Meu peito doia, minhas mãos tremiam, eu soluçava e já não enchergava por causa das lágrimas que se empurravam para escapar dos meus olhos.

Por que ela não conseguia entender? Devia mesmo ser dificil pra ela sustentar alguem, mas, foi ela que quis assim. Quando nos conhecemos, eu falei que antes de escrever um livro eu seria obrigado a fazer uma faculdade para poder me sustentar. E, tres meses depois, nós estavamos morando juntos, por que ELA tinha dito que iria me sustentar e sustentar a nossa casa para me deixar livre e desempedido para escrever o meu primeiro livro.

Mas um ano depois ela mudou totalmente de idéia! E agora ela vem com essa história de que não aguenta mais me ver em frente ao notebook, tomando café, fumando um cigarro atras do outro e digitando loucamente.

Meu livro é sobre um possivel mundo paralelo, colorido e um pouco diferente do que estamos acostumados.

E de uns tempos pra cá, ela resolveu emplicar tambem com o assunto do MEU livro.

- Posso ser sincera?

Neste caso, não adiantaria nada dizer ‘não’, do mesmo jeito ela falaria.

- É que esse teu texto está um pouco fora do padrão.

- Tudo bem, e o que é o ‘padrão’? – ela sabia exatamente como me tirar do sério. – Esquece, eu não quero saber o que é o teu padrão, eu estou hoje bem criativo e não vai ser com as tuas piadinhas que tu vais me tirar do sério.

Quem nos via discutindo, dizia que eu era agressiso, grosso, até rude.

Mas ninguem conhecia ela de verdade, ela é muito inteligente, sabe como fazer alguem sair do sério, sem mexer quase uma palha.

Dormi na praia, e acordei com um cachoro lambendo o meu rosto, não foi uma das melhores maneiras de acordar.

Minha cabeça latejava, levantei da areia e fui caminhando em direção a cidade. Caminhei até em casa, e parei na porta.

Eu não pensei nem por um segundo no que iria acontecer depois que eu entrasse em casa.

Dessa vez, teremos opçoes.

A) Eu vou entrar em casa, a minha esposa vai me receber de braços abertos e com o rosto encharcado de lágrimas.

B) Eu vou entrar em casa, ela vai falar meia duzia de besteiras, mas vai acabar dizendo que me ama e que me aceita de qualquer maneira.

C) Eu vou entrar em casa, ela vai falar eternamente, vai ir no quarto e vai voltar com as malas prontas.

Vai chorar. Eu vou chorar. Ela vai dizer que me ama, mas que não aguenta mais essa vida, e vai sair pela porta depois de dar uma ultimo olhar para mim.

D) Eu vou entrar em casa, e ela já tera indo embora. O guarda-roupa estará vazio e terá um bilhete no Word do meu notebook: “ Te amo, mas preciso recomeçar a minha vida longe de ti”

É melhor esquecer a opçoes e entrar logo em casa, um pé de cada vez.

Abro a porta, e o desespero toma conta do meu peito. Entro em casa e logo escuto um barulho no quarto, entro pé por pé, para não fazer barulho. Chego no quarto e lá está ela, sentada na cama, chorando e com uma foto minha nas mãos.

Entro no quarto e sento ao seeu lado. Ela coloca a foto na mesinha e se abraça em mim, ficamos assim, por horas, vendo o sol se mexer na janela.

- Desculpa, eu sei que esse é o teu sonho, desculpa, eu te amo tanto.

- Eu tambem te amo. Eu devo tudo a ti, tudo que eu já escrevi eu devo a ti, tudo que eu já vivi eu devo a ti. Eu devo a minha vida inteira a ti.

- Meu escritor predileto, vamos tomar café?

- Vamos!

Fomos para a cozinha, eu sentei na mesa em frente ao notebook, ela foi preparar o café. Preparou o café e sentou-se ao meu lado em silencio.

Em menos de uma hora eu terminei o meu trabalho de um ano.

Fiquei dias relendo o livro, imprimi e deixei em cima da mesa da cozinha, todo dia eu lia um pouco.

Um certo dia eu acordei de manha e o livro não estava mais lá, fiquei louco esperando minha esposa chegar do trabalho. Ela chegou sorridente dizendo que havia enviado por correiro o livro para uma amigo que trabalhava em uma editora.

Uma semana depois, recebemos uma ligação do tal amigo, dizendo que o meu livro seria o próximo livro da lista dos mais lidos do mundo.

O livro vendeu muito, e a editora fechou um contrato comigo.

É, essa é a prova de que brigas são sempre bem-vindas.



18 de set. de 2010

Com açúcar, com afeto.

( Ao som de Nara Leão e Chico Buarque "Com açúcar, com afeto")



Ele olhou nos seus olhos decididamente:

- A nossa relação está morta e você sabe disso melhor do que eu.

Arrumou o nó da gravata cinza e saiu sem olhar para trás, sem sequer um olhar de despedida.
Ela não se mexeu durante muito tempo. Ficou ali, tentando entender o que ainda não havia entendido.
Eram 9 horas da noite e tocava no rádio:

Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa, qual o quê!
Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa...

Seu cérebro latejava no ritmo da música. Pela primeira vez ela sentiu algo, ódio.
Sabia queria se vingar, não por que o amava, na verdade ela não o amava, mas precisava de alguém por perto, precisava saber que, pelo menos alguém vivia do seu lado.
Ela não suportava surpresas, vingaria-se da surpresa. Parece falso dito assim, mas era a mais pura verdade: se tivesse qualquer desconfiança, não teria por que se vingar.
Tinha muitas coisas que ela queria dizer. Mas não podia. Naquele momento a única coisa permitida, era a música no rádio:

Você diz que é um operário, sai em busca do salário
Pra poder me sustentar, qual o quê!
No caminho da oficina, há um bar em cada esquina
Pra você comemorar, sei lá o quê!
Sei que alguém vai sentar junto, você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias de quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol.

Não que a música tivesse algo a ver com eles, e não tinha.
Mas ela sempre assistiu filmes românticos da Seção da Tarde, e nesses filmes, quando a mocinha era abandonada surgia uma música do alem que era mantida até trocar de cena.
Já que o amor não existia, a tristeza não existia, pelo menos a música estava existindo.
Se alguém olhasse diria que ela tinha aceitado a noticia de maneira indiferente.
Mas só ela sabia o que estava sentindo.
Acendeu um cigarro e sentou-se no sofá ao lado do rádio antigo que ainda tocava estridente:

Vem a noite e mais um copo, sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar...

Repito, não era amor. Mas ela estava sofrendo, de uma maneira triste e sem valor, mas estava.
Saber que ele teria alguém, ou que teria uma futuro melhor que o dela doía muito. Sim, era uma grande forma de egoísmo, mas o egoísmo era tão fácil de ser sentido que se apoderou de seu corpo.
Quando percebeu, o cigarro havia virado pura cinza. Esticou o braço por cima do rádio e pegou um cigarro. Acendeu e neste ela prestou mais atenção.
Então. Por que? O que ela havia feito de errado.
Não, melhor nem perguntar.
“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.”
É, a Clarice tinha razão. Melhor esquecer ele e tocar a vida em frente.

As horas passaram e acompanhada de um maço de cigarros ela passou a noite ouvindo música e olhando a foto dele em um porta-retrato em cima da mesinha, ela realmente não sabia que horas eram, mas também nem queria saber.
Quando, depois de uma miscelânea de músicas, tocou novamente:

Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto...

Aquela musica não era muito do seu agrado, mas como foi ela a unica testemunha de seu abandono, ela resolveu ouvir novamente. E na voz de Nara Leão, escrita por Chico Buarque, nunca podia ser ruim.
A campainha tocou, ela levantou, jogou o a bagana do cigarro no cinzeiro e foi abrir a porta.
Era ele, sujo, fedendo, com uma flor morta na mão.
Uma outra mulher não o aceitaria de volta. Mas ela se conhecia, e sabia que precisava dele.

Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê!



- Meu amor,eu sei que não faz nem um dia que eu sai daqui, mas é que... que... eu te amo, é que...eu mudei de idéia, não posso sair daqui. Eu preciso de ti do meu lado, me perdoa? Esquece o que eu te disse, por favor?

Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração

Ela voltou pro sofá, aumentou o volume do rádio e esperou ele entrar.

- Entra. Eu obviamente vou te aceitar de volta. Mas eu não te amo, eu só preciso de ti.

Ele ficou sério, respondeu:

- Eu também não te amo, também preciso de ti. – ela não se mexeu – Vamos dormir? Eu estou com muito sono, e creio que você também não dormiu nada.

Ela não disse uma única palavra, levantou e foi em direção ao quarto.

- Não vai desligar o rádio? – ele disse.

- Não, Nara ainda esta cantando.

Ela foi para o quarto e ele também

E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Como vou me aborrecer? Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você.

Foi assim que Nara Leão e Chico Buarque presenciaram uma grande história de não-amor, uma grande história de pura necessidade.

28 de ago. de 2010

O grande futuro do país.

Por que será que a política ainda é algo tão fora dos planos dos jovens de hoje?
Sinto isso quando vejo os meus colegas de aula, simplesmente eles não sabem o que ocorre no país.
É como se eles não vivessem aqui, como se tudo isso não afetasse eles.
Não digo que tenham que saber detalhes de tudo, mas assistir um jornal faz bem pro intelecto.
Como alguém pode dizer que não se importa com política? Tem que se importar, votar em qualquer um e depois reclamar, é muito fácil.
Dizer que não gosta de política, tudo bem, mas entender é necessário.
Os jovens precisam voltar a se interessar por política, não somos o futuro do país? Nossa, mas que futuro em?
Se continuar assim, o Brasil não vai pra frente meeesmo.
Eu quero ver quando esses jovens forem adultos e não souberem em quem votar, e acabar votando em qualquer um.
O que custa saber um pouquinho? Se interessar e saber em quem esta votando.
Varias vezes já perguntei em quem o ‘fulano’ havia votado e simplesmente ele não lembrava. Que absurdo! Como não lembra? Depois reclama que política é só roubalheira.
O país precisa de nós, precisa de pessoas que saibam quem vai pro poder.
Política é difícil, mas unidos nós podemos mudar isso tudo.

17 de ago. de 2010

O que é a solidão?




A lua trazia uma nostalgia gratuita naquela noite.
Estar em casa piorava tudo, o mundo chamava lá fora, ele ouvia as vozes.
Desde cedo ele perguntava para os céus, o que é solidão?
Mas ninguém respondia, e a pergunta latejava na sua cabeça.
Olhou a casa vazia e sentiu que tudo se mexia, mas ninguém estava lá, só ele e a sua pergunta também vazia.
Saiu de casa sentindo que tudo ia se encaixar, não sabia como nem quando, mas sabia que as respostas viriam.
A lua cheia guiou os seus passos até um parque escuro e vazio. Apenas cachorros caminhavam e latiam uns para os outros.
Tirou os tênis e sentiu a grama úmida tocar seus pés e continuou caminhando.
Surpresa! Ele não estava sozinho, alem dos cachorros havia uma garota, deitada na grama olhando a lua.
Sem pensar, ele deitou ao seu lado e ela não mexeu um músculo sequer.
A grama fria, unia os dois em silêncio.
Ele sabia que essa era a hora.

- O que é a solidão? – ele perguntou.
- É o modo que a vida tem para mostrar que o mundo existe. – ela respondeu ainda olhando para a lua, e continuou – Quando somos felizes, não percebemos o mundo a nossa volta, não damos valor a essa felicidade. E a felicidade é ciumenta: se não receber atenção, ela vai embora. E ai, chega a solidão, que é calma e disfarçada. Quando ela chega, damos valor a tudo, mas só quando ela chega. A solidão é assim: tenta mostrar o que é bom, mas de uma forma ruim. – ela sorriu.

- Não era exatamente isso que eu esperava ouvir. – disse ele.

- E o que você esperava ouvir? Já sei. Você queria que eu dissesse que a solidão é ruim e que não existe culpado pra isso? Sinto dizer, mas a solidão é culpa nossa, se não fossemos tão mal agradecidos não seriamos solitários. Mas a solidão é muito mais do que simplesmente ser sozinho. – ela disse.

- Então eu te pergunto. O que é a solidão?

- É estar no meio de uma multidão e ainda assim se sentir sozinho. A solidão é não conseguir se ligar a ninguém, é estar preso dentro do próprio corpo. É tentar falar e não ouvir a própria voz. É sentir saudade até do entregador de pizza, e de tão sozinho, pedir uma pizza só para ouvir a campainha tocar mais uma vez.

- Especialista em solidão? Experiência própria?

- Para falar sobre o assunto, tem que conhecer. Mas eu gosto, não reclamo, quando se está no fundo do poço, não tem mais como cair.

- Deve ser esse o meu problema, ainda não cheguei ao fundo.

- Então tenta voltar, você parece legal, merece voltar. – disse ela.

- Se for por isso, você também merece voltar.

- Não, eu estou longe demais pra voltar.

Ela sorriu e fechou os olhos, um vento frio cruzou o corpo dele e ele logo sentiu que ela havia morrido.
O que é a solidão? A solidão é ver alguém morrer e não poder ir junto.

Maybe...


Talvez eu saiba, no fundo da minha alma, que o amor nunca dura.
Talvez eu saiba que isso só é um momento.
Promessas vazias banhadas de sorrisos vazios? Fácil.
Talvez esse frio na barriga seja um aviso para cair fora de uma vez.
Talvez essa confusão seja necessária, ou não.
Talvez desse certo, talvez não.
Talvez esse mundo um dia vire e diga que acabou por que o céu está confuso.
Talvez todos chorem e digam pra ficar, mas como sempre, é tarde demais pra tenta falar.
Mas todos seguem assim, vivendo em um mundo que dá as costas.
Amor. É muito melhor viver sem ele.
Talvez...

22 de jul. de 2010

Jack Manson - O sonho de uma morte.


Prólogo.

Jack, ainda vestido de palhaço, descarregou a arma no peito do seu melhor amigo.
O que fazer depois de matar um homem? Morrer também.
Seu coração estava calmo, todo o seu corpo estava calmo, sua mão firme ainda segurava a arma.
São poucos os homens que terminam a vida cumprindo seu sonho, e ele cumprira, então já era hora de morrer.
Que contradição!
No corpo, uma roupa que deveria ser alegre. No rosto, uma expressão de vitória, junto com uma pintura arrepiante de palhaço.
Jack encostou o cano da arma fria na cabeça, sentiu um arrepio de prazer na coluna e apertou o gatilho.
O sonho de uma morte havia morrido.

30 de jun. de 2010

Maldita Adolescência.


Se tudo que eu digo, falo e penso vai mudar daqui a cinco anos. Então não vale a pena dizer, falar e pensar.
Já que todos dizem que isso é uma fase e que não deve ser levada a sério, então nem eu vou me levar a sério.
Se as pessoas soubessem como é repugnante ser chamada de adolescente, certamente pensariam duas vezes antes de usar essa maldita palavra.
Você esta em uma rodinha de parentes da família, o assunto é política. Tudo bem, você sabe que entende algo de política, então entra de cabeça na conversa. Tudo corre bem, até o momento que você discorda do seu tio. O que ele fala? “Ah, tu só acha isso por que tu ainda és adolescente, espera uns cinco aninhos e isso já vai mudar”.
Mais que raios de cinco aninhos? Só por que se tem 15 anos não se pode ser levada a sério?
Se chorar por qualquer coisa, se gritar por qualquer coisa, se ficar bravo por qualquer coisa é por que é adolescente. Então, que dizer, que adulto não chora? Não grita? Não fica bravo?
Gente chata essa que só por que tem uns aninhos a mais acha que tem o mundo nas mãos.
Eu sei que existe muita gente da minha idade que não lê um livro que não tenha “figurinha”, mas eu também sei que tem muita gente da minha idade que é muito mais inteligente que um adulto.
Querendo ou não isso é preconceito, ser jovem não é sinônimo de ingenuidade nem de burrice, ser jovem é ter uma visão nova da vida, diferente, mas não necessariamente ruim.
Você, adulto, escute as opiniões dos seus filhos sem se colocar em um pedestal que já esta totalmente fora de moda.
Usar a idade como um pretexto para não abrir a cabeça, é uma grande burrice.

20 de jun. de 2010

Até logo, Saramago.

Quando alguém morre, uma parte do mundo morre.
Quando esse alguém é indescritível, o mundo morre por um tempo.
Pois bem, é só por um tempo, mas fará falta, e muita.
Um iluminado? Um gênio? Um escritor.
Um homem. Um homem que teve, e continuara tendo, o poder de mudar as pessoas, de fazer refletir e de envolver.
Quando um escritor morre, é como se fosse parte de mim, parte do meu mundo.
É uma pseudo-intimidade, conhecer mesmo sem conhecer.
Se ele esta em um lugar melhor, não sei.
Só sei que o mundo perdeu...
Na verdade, não existem palavras que possam explicar uma perda deste tamanho.
Pois às vezes, o silencio fala mais que mil palavras.
Mas eu precisava dividir o que penso e o que sinto.
Fico por aqui, fazendo de minhas palavras curtas, uma eterna despedida.

Até logo, José.

2 de jun. de 2010

O Espelho.


"O espelho reflete certo, não erra por que não pensa, pensar é essencialmente errar."

Pensar. Refletir. Errar.

Sentir. Olhar. Errar.

O reflexo que finge ser real, ele engana, refletindo.
A matéria acredita e leva pro mundo "real" tudo que vê refletido.
Um mundo que acredita. Um mundo sem volta, sem saída.
Verdadeira mentira real, um espelho.
Já o espelho real, não é visível, não é real. É imaginário, irreal.
Inacreditavelmente real, sendo irreal.
Inacreditável? Ou não.
Real demais, assustador demais, difícil demais, refletido demais.
Sendo assim, sobrevive o irreal, refletindo olhos obscuros de um rosto real.
Enquanto o real continua refletindo, mas ninguém enxerga. Cegueira real.


Errar. Acreditar. Errar.