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20 de abr. de 2011

Demais.




Só eu vi o que ninguém podia entender.
O freio era intocável.
Meus olhos lacrimejantes viam vultos.
Eu já não podia mais tirar o pé do acelerador, seria fatal.
Às 3 da tarde de um dia sem sol, eu queria me matar em uma estrada deserta.
Quanto mais perto chegava de uma possível morte, mais a voz de Olivia ressoava em minha mente. Primeiramente como uma lembrança, depois, como um sussurro.

O carro corria.

A morte de Olivia foi dolorosa, como qualquer doença. Como é difícil assistir alguém morrer...
Eugenio já não enxerga a um palmo, e nem queria enxergar.
Já imaginava como seria sua morte. Seria um carro que viria em sua direção?
Não, assim ele teria chances de sobreviver.
Seria um caminhão, daqueles bem pesados, assim o motorista não teria tempo para desviar.
Eugenio sabia que poderia levar outra vida. Morreria ele e, provavelmente o outro motorista também.
Mas como dizia Olivia: “Deus sabe quem está vivo e quem está morto”
Ele já estava morto, só ainda não havia entendido isso.
Eugenio volta a ouvir a voz de Olivia.

Quando aprendia te conhecer, vi em ti uma criatura que amava a vida, mas não a vivia integralmente. Desde sempre, me aproximar de ti não foi fácil, senti que a tua alma tinha sido desfigurada, violentada, torcida e que teus olhos se habituaram a olhar a vida com desconfiança e quase rancor.

O carro corria.

Como alguém era capaz de decifrar outra pessoa?
Eugenio ouviu um zunido familiar, aumentou o som.

Todos acham que eu falo demais
E que ando bebendo demais
Que essa vida agitada não serve pra nada
Andar por ai...
Bar em bar, bar em bar.


A voz inconfundível de Maysa se molda ao seu ouvindo.
Eugenio, agora, estava cercado por duas mulheres incríveis.
Olivia. Maysa.
Duas sofredoras que dividiram suas vidas com Eugenio.
Olivia, de maneira amorosa.
Maysa, com suas musicas que o transformaram no homem que ele é.

Dizem até que ando rindo demais
E que conto anedotas demais
Que não largo o cigarro e dirijo o meu carro
Correndo, chegando no mesmo lugar


Mesmo lugar? Não, ele não agüentaria chegar mais uma vez ao mesmo lugar.
Eugenio desejava a morte. Ele queria cair de vez. Queria transformar tudo em nada.

O carro corria.

Ele acendeu um cigarro e ficou esperando a morte chegar.
Sabia que mais cedo ou mais tarde ela viria.
Pensando bem, agora Eugenio estava cercado por três mulheres incríveis, três mulheres que fizeram parte de sua vida.
Olivia. Maysa.
A Morte.

Olivia. Maysa.
E a Morte que agora estava perto.

Ninguém sabe é que isso acontece por que
Vou passar minha vida esquecendo você


A morte sempre fez parte da vida de Eugenio, alias, um médico vive com a morte do que com a vida.
O pé pressiona ainda mais o acelerador, Eugenio sente pressa em morrer, então resolveu passar para a outra pista, assim estaria na contra mão. E no momento certo, morreria.

E a razão por que vivo esses dias banais
É porque ando triste, ando triste demais


Tudo passou a andar em câmera lenta, Eugenio sentia Olivia sentada ao seu lado no carro, podia sentir seu perfume. Sentia também Maysa guindando seus pensamentos através da musica, mas agora ele também sentia a Morte guiando o volante.
Uma luz extremamente ofuscante veio em sua direção, não tinha mais tempo para pensar em nada, apenas sentia cada segundo passar por seu corpo semimorto.
Foi rápido, o carro ficou destruído e o motorista do caminhão não teve nenhum ferimento grave, talvez porque Deus sabe quem esta vivo e quem está morto.
Uma parte do carro continuou viva, o rádio, a voz. Maysa.

E é por isso que eu falo demais
É por isso que eu bebo demais
E a razão porque vivo essa vida agitada demais
É porque meu amor por você é imenso
O meu amor por você é tão grande
É porque meu amor por você é enorme demais


Demais.

13 de abr. de 2011

Agonia. De. Um. Presente. Passado.


Eu cansei de lembrar a nossa história. Mas que história? Nossa? Essa história foi minha, totalmente minha. Foi uma maneira solitária de sofrer...
Não posso dizer que um dia eu tive você pra mim e, sinceramente, não sei o que dói mais: essa distância e a sua falta de saudade, ou o fato de não poder dizer ‘já me pertenceu’.
Se você soubesse a força que cada vírgula sua tem sobre mim, cada palavra sua pode machucar cada célula do meu corpo.
Eu te amo, te amo da maneira mais forte e dolorida que o meu corpo suporta, te amo com toda força que existe dentro de mim, te amo com todas as lágrimas que o meu corpo despeja de dor.
Eu te amo, eu te amo. Eu queria poder gritar para o mundo inteiro ouvir, queria pode pegar o seu rosto com as duas mãos, olhar nos teus olhos e te dizer o quanto tu vive em mim.
É uma mistura de prazer e agonia, é uma mistura de dor e alegria que me corta por dentro, me dilacera e me faz querer parar o mundo e morrer por pelo menos um instante.
Escrevo por que te amo, mas também escrevo por que não tenho espaço dentro de mim pra tanto amor e tanta dor. Preciso deixar isso fora de mim, ou então não vou aguentar.
Eu te amo, e torço loucamente para que isso não seja amor, torço para estar redondamente errada. Torço para que isso não passe de uma vontade momentânea de te ter, quero rir disso, quero lembrar essa época e esquecer o seu rosto que insiste em me perseguir.
Mas eu ainda tenho vontade de você, você, você, você, você...