Meu peito anda
parecendo aquelas bolinhas de gel que incham quando colocadas em água. Eu viro
o rosto, finjo que não vejo quando ele grita por socorro, saio para outro lugar,
mas, quando olho novamente, parece que inchou mais.
De onde vem tanta mágoa? É como se eu vivesse
ainda no prefácio da minha vida: sempre com essa sensação de que “o amanhã vai
se melhor”, “semana que vem não será tão entediante”, “é só esperar um mês e as
coisas se acertam”...
Minha cabeça entende tudo friamente, o problema
é que ela e o resto de mim não são tão amigos como eu imaginava.
Minha
mágoa já não pode ser chamada de “várias mágoas”, elas podem chegar por motivos
diferentes, mas viram minhas e transformam-se em uma grande bola de mágoa, nada
uniforme e muito pegajosa.
Minha mágoa
dobra esquinas, arruma motivos torpes para me fazer acreditar – e eu sempre
acabo acreditando – que a culpa te tudo é minha.
E o pior, caro
leitor, é que toda essa mágoa não tem nome, não existe no mundo alguém que
mereça minha coleção particular de injúrias. Não tenho como lançar mão do
artificio comum a todos os magoados do mundo: Querer o mal daquele que foi o
causador da mágoa.
Que má sorte a
minha! Queria eu ter alguém para usar como alvo.
Será
que um Paracetamol resolveria?
Não, eu sei,
mas seria ótimo um remedinho que rapidamente apagasse nossos problemas
internos, e que não precisasse de receita para comprar.
Mas, enquanto
esse milagre não acontece, termino aqui deixando bem claro que estou feliz,
apesar de tudo...